História Young (Imagine Suga) - Change

Estávamos na terceira semana desde a audiência, não houve nenhuma resposta ou resultado, e faltava três semanas para o meu aniversário que seria num sábado. Yoongi e minha mãe cochichavam de vez em quando, quando eu não estava presente. Eu sabia que eles estavam aprontando alguma coisa, mas não queria perguntar e estragar a surpresa.

Mas parece que eles vão ter que mudar os planos de qualquer jeito.

— O festival para arrecadação de fundos vai ser daqui a três semanas, no sábado. — dizia o líder da turma. — O grêmio dividiu os temas e a nossa turma fará um café. — todos começaram a resmungar, alguns estavam animados outros estavam irritados por ser algo tão clichê. — Nós vamos dividir as tarefas agora para começarmos nos organizar. — o líder teve que aumentar o tom de voz para que todos parassem de falar. — Precisamos de uma equipe de arte, um grupo de sete pessoas para fazer a decoração, cuidar das roupas e também na divulgação... —o líder pegou um giz e começou a listar as tarefas. — também precisamos de seis pessoas para servir os clientes e receber eles, três meninos e três meninas; uma pessoa para ficar no caixa; oito pessoas para preparar os cafés, doces e salgados; e restante serão auxiliares, caso alguém falte ou precise de ajuda. Então escolham suas funções...

Todos começaram a se voluntariar e até surgiram pequenas discussões por posições que mais de uma pessoa queria, o grupo de Minzy teve que brigar para serem as garçonetes. Mas eu só conseguia pensar que iria estragar a minha própria surpresa. Toda a turma já havia escolhido sua tarefa, eu me incluía no grupo serviria como um tapa buraco.

Uma batida na porta fez o líder da turma interromper seus últimos avisos e chamou a atenção de todos.

— Com licença. — era uma das mulheres que trabalhava na secretaria. — Senhorita _____, venha comigo por favor.

Levantei e saí da sala sob os cochichos e risadas dos meus colegas. Segui ela até a secretaria, ao virar o corredor eu já sabia o motivo dela ter me chamado. Yoongi estava sentando olhando para o chão, com a perna tremendo. Sem pensar duas vezes, eu deixei a secretária para trás e corri até o loiro.

— Yoongi! — O loiro me olhou e levantou, seu olhar era triste e apagado. — O que aconteceu?

— Jin me ligou... — Yoongi mordeu o lábio e desviou o olhar. — Saiu o resultado...

— E?

Silêncio.

O loiro olhou para o chão e isso só fez o meu coração bater mais rápido. Ele então me puxou para um abraço e começou a chorar. Eu não podia acreditar e nem queria acreditar. Não era possível! Depois te tantas testemunhas ouvidas, tanto esforço... A única explicação para isso me veio com a palavra suborno. Finalmente... aquela vaca finalmente realmente conseguiu o que queria.

— Nós vencemos.

Os soluços de Yoongi ecoavam pelo corredor.

Coloquei as mãos nos seus ombros e o afastei. Precisava encarar o seu rosto para ter certeza. Observei minuciosamente todo o seu rosto, seus olhos molhados, o cabelo bagunçado e o sorriso que surgiu ao perceber minha confusão. Isso tudo fez um sorriso surgir em mim também.

— Seu cretino! — dei um tapa no ombro dele.

— Desculpe. — o loiro gargalhava sob as minhas custas.

Eu o abracei novamente, dessa vez com toda a minha força.

— Parabéns meu amor. — sussurrei em seu ouvido.

— Obrigado.

— Já contou ao Jae?

— Não, eu quis contar pra você primeiro. — nós nos afastamos novamente. — Vou esperar a aula dele terminar.

— O que a juíza resolveu afinal?

— Tudo. Jin disse que nós acabamos com ela. A megera não vai ter direito a nada, nem nos fins de semana ela vai ficar com ele, além disso Jae ganhou uma medida de proteção de 150 metros.

— Isso é ótimo! Eu confesso que fiquei com medo de que, se o resultado fosse negativo para ela, aquela vaca fosse tentar alguma coisa com o Jae.

— Ela não vai, ela não pode fazer mais nada agora.

— Finalmente!

Abracei ele novamente e ficamos assim por um tempo, até que Yoongi me afastou dizendo:

— Você tem que voltar pra aula.

— É... falando nisso, eu tenho uma péssima notícia.

— Nada do que você dia vai estragar o meu dia

— É que a escola vai fazer um festival para arrecadar dinheiro e vai ser no meu aniversário.

Sua expressão foi de feliz e radianta para raiva e incredulidade.

— Diz que você está brincando comigo.

— Infelizmente não.

— Mas. Que. Merda. — cada palavra foi dita com raiva.

— É eu sei, desculpa estragar os planos de vocês.

Os olhos do loiro cresceram um pouco, mas depois voltaram a expressar a raiva.

— Taehyung seu boca grande!

Não pude deixar de rir.

— O Tae não falou nada, por incrível que pareça.

O loiro bagunçou os cabelos, estava frustrado.

— Como descobriu?

— Vocês não são tão discretos quanto pensam. — Yoongi cerrou os dentes. — Não fique tão brabo. De qualquer forma eu prefiro algo só nós quatro mesmo.

— É, mas estávamos preparando isso faz tempo... — disse de cabeça baixa, olhando para as nossas mãos entrelaçadas. — E eu queria fazer algo especial para você.

Foi impossível impedir o sorriso que surgiu no meu rosto. Separei nossas mãos para fazer seus olhos me encararem.

— Tudo o que você fizer para mim com amor, já é mais que especial para mim e por isso eu já amo.

Yoongi sorriu, primeiro foi aquele sorriso fofo e gengival que eu amava tanto, que depois se transformou num sorriso torto cheio de malícia que eu amava ainda mais.

— Você não tem jeito mesmo.

— Desculpa. — disse enquanto gargalhava.

— Eu tenho que voltar.

Yoongi resmungou contrariado, mas concordou fazendo biquinho. Olhei para trás para ter certeza que não tinha ninguém, roubei um beijo rápido dele e sai correndo, rindo, logo depois, deixando o loiro para trás.

 

 

 

***

 

 

 

O dia do festival chegou mais rápido do que nunca.

Por mais que tivéssemos divido as pessoas responsáveis para a parte artística, todos nós estávamos engajados. Os uniformes ficaram lindos, nossa turma queria algo diferente que fugisse do padrão preto e branco, e uma das nossas colegas conseguiu um bom preço por uma conhecida da tia. O resultado final foram três lindos vestidos brancos, com renda e detalhes dourados. A roupa dos meninos foi mais simples, apenas alugaram umas calças brancas, o colete foi mais difícil, por isso tivemos que mandar fazer também.

A decoração também ficou linda, o líder da turma convenceu a mãe à emprestar as cortinas, para dar um ar mais elegante, também conseguimos emprestado cortinas de veludo vermelha para esconder ao armário de livros. Os enfeites de mesa foram feitos com garrafas transparente que pegamos de um restaurante, enchemos com água e glitter dourado, colocando uma mistura de flores silvestres sobre uma renda dourada e uma tolha branca.

Yeunje era uma menina conhecida na nossa turma por ser muito gentil e dedicada, ela sabia fazer biscoitos decorados e nos ensinou a fazer também. Nós tínhamos extremo cuidado com a decoração de cada um e todos estavam lindamente decorados: brancos com detalhes em dourado, dourado com detalhes em branco, etc. Estávamos terminando de produzir alguns vermelhos e dourados, enquanto a última fornada assava, quando um dos nossos colegas que seria garçom nos avisou que o líder queria todas as suplentes na sala para reunião, pois tinha surgido um problema urgente.

Todas largamos tudo o que estávamos fazendo e deixamos a equipe de cozinha cuidando do trabalho. Ao chegar na sala todas as suplentes estavam presentes, mas estranhei que só havia as meninas, havia então, contando com as duas meninas que chegaram comigo, cinco meninas. Como nós éramos as últimas o líder pode transmitir o recado:

— Temos péssimas notícias: a Sungyeon acabou de me ligar dizendo que caiu da escada e quebrou o pé... — todos começaram a transparecer sua preocupação. — Ela está bem, não se preocupem, mas obviamente não vai poder ser a garçonete então precisamos que uma de vocês. Quais os tamanhos do manequim de vocês?

Três tinham o tamanho 38, eu e mais uma menina tinham 36, mas a outra menina era muito alta e o vestido ficaria muito curto para ela.

— Tome _____. — disse o líder me entregando o vestido e as meias três por quatro. — Vista e depois volte aqui para eu te passar o que deve e não deve fazer.

Me dirigi ao banheiro e fiz o que ele me pediu, foi difícil fechar o zíper, mas consegui, coloquei as meias ¾ brancas e os sapatos da mesma cor, ambos eram do uniforme. Voltei para a sala e encontrei o líder e todos os outros alunos que iriam servir as mesas, inclusive a Minzy.

— Espera aí! — disse ela, bem alto, quanto me viu. — Por que ela vai substituir a Sungyeon?

— Porque ela é a única que serve no vestido. — responder o líder fazendo pouco caso do escândalo.

— Mas ela vai estragar tudo, vai atrapalhar a gente! Ela é uma inútil!

Senti meu sangue esquentar meu rosto.

— Ela vai servir as pessoas. — respondeu o líder com a voz firme. — Se você acha que ela vai atrapalhar sinta-se livre para sair, tem mais três meninas que servem no seu vestido.

Minzy torceu o nariz e bufou.

— Não... tudo bem.

Tentei evitar sorrir, mas foi impossível, e Minzy ficou ainda mais irritada. O líder começou a falar o que deveríamos fazer e caso surgisse algum problema era para chamar ele.

— Podem ir, mas quando chegar o horário estejam na sala. — disse o líder por fim. — Menos você _____, fique aqui que uma das meninas vai te maquiar e arrumar o seu cabelo.

Fiz o que ele me pediu, enquanto observava pelas janelas os demais alunos do colégio organizando suas barracas, desde a entrada principal até o final do pátio em uma fila. Instantes depois uma das minhas colegas veio me ajudar como o líder disse. Tentei ficar o mais quieta possível, mas nunca fui acostumada com maquiagens. Depois da maquiagem ela fez meu cabelo, mas ao contrário das outras duas meninas, deixou ele solto e fez vários cachos nas pontas, colocando uma tiara dourada depois.

Faltava meia hora para o festival começar. Assim que ela me liberou eu agradeci e praticamente corri até o banheiro para ver como eu estava. Mas ao passar pela escada para chegar lá fui abordada por um Jungkook vestido de um monge zumbie, que subia para o terceiro andar.

— Uau. — disse o moreno chamando a minha atenção.

Kookie desceu a escada para falar comigo.

— O que é isso? — perguntei apontando para ele todo.

— Ah eu sei lá, só me mandaram vestir e assustar as pessoas.

— Como está a casa do terror?

— Razoável, — disse dando de ombros. — pelo menos está melhor do que o ano passado.

—Tae disse que a do ano passado foi uma tragédia e Jimin disse que foi a pior dos três anos.

— É... pensando bem qualquer coisa fica melhor do que aquilo.

— Falando neles, você sabe onde eles estão?

— Taehyung está por aí distribuindo os bilhetes de amor.

— Já?!

A turma do Tae e do Jimin recebeu o tema de amor, então eles podiam vender doces, produtos e fazer qualquer coisa relacionada à isso. Taehyung ficou em carregado de ser um dos cupidos.

— Sim, é que o pessoal do colégio está usando pra zoar o pessoal enquanto o povo não chega.

— E o Jimin? Já está na barraca do beijo?

— Adivinha? Ele chegou e foi direto para lá.

Não pude deixar de rir ao ver o moreno revirando os olhos.

— Vou no banheiro ver como fiquei, depois vou dar um oi para os meninos antes de tudo começar. — avisei.

— Claro, a propósito você está linda.

Senti minhas bochechas vermelhas.

— O-obrigada.

— Queria poder ver a reação do Yoongi quando ver você vestida assim.

Meu coração bateu rápido e o calor das minhas bochechas se espalhou para o rosto.

— Ai meu Deus, ele vem?

— Você convidou ele? — as sobrancelhas do moreno se uniram.

— Convidei.

— Então ele vem.

Acho que a minha expressão de pânico estava evidente, pois, depois de uns segundo em silêncio, Jungkook riu e disse:

— Relaxa, vai dar tudo certo. — sua mão direita afagou meus cabelos, mas não conseguiu me fazer relaxar. — Só não derrama café nele.

E dizendo isso, virou as costas e subiu.

Engoli em seco e segui para o banheiro, tentando afastar o loiro dos meus pensamentos, não podia me desconcentrar agora.

A imagem que encontrei refletida no espelho parecia muito comigo, mas um “eu” mais delicado. Meu rosto não tinha nenhuma imperfeição, meu cabelo parecia melimetricamente arrumado, eu parecia muito com uma boneca. A maquiagem nem era tão pesada como eu achei que fosse, deve ser por que não sou acostumada mesmo.

De repente comecei a pensar em Yoongi, e não fiquei nervosa com a possibilidade dele me ver, na verdade... eu gostaria muito que ele me visse assim.

Saí do banheiro e fui até o terceiro andar para ver o Jimin. Ele estava aos beijos com uma menina, quando o celular do ruivo tocou era o fim do cronometro e o fim do beijo. A menina saiu sorrindo e ambos ficaram com os lábios inchados.

— Pensei que eram só selinhos.

— Nossa quem é essa boneca fofa e delicada que eu estou vendo?

— Besta. — comecei a rir vendo seu rosto fingindo estar em choque. — Pelo visto você já está se divertindo.

— Não vou negar, estou. — disse mostrando seu “eye smile”. — Mas não era pra você ficar na cozinha ou algo assim?

— Era, mas uma das meninas se machucou e não vai poder vir, e como eu era a única que servia no vestido...

— Ah entendi... Yoongi vai amar te ver nesse vestido.

— Jungkook também disse isso.

— Achei você!

Olhei para trás e vi Taehyung se aproximando com um sorriso no rosto. Ele estava meio ofegante.

— Estava me procurando?

— Sim. Por que está vestida assim? Bom não importa. — disse entortando o sorriso. — Te mandaram uma mensagem.

Estranhei, mas peguei o papel rosa que ele me entregou e o li. Escrito com uma caligrafia desleixada o bilhete dizia:

“Não se desgaste muito hoje, não se esqueça que hoje a noite eu ainda te quero."

Senti meu rosto içar vermelho, ao mesmo tempo em que um sorriso surgia nos meus lábios.

— Você leu isso? — perguntei ao Tae.

— Não. — disse ele, estranhando a pergunta. — Por que? É safadeza?

— Na-não.

— Haaa! É safadeza sim. — o mais velho falava alto e apontada pra mim.

— Xiiiu. Fala baixo! — abaixei seu dedo e trouxe ele para mais perto. — Ele está aqui?

— Sim, mas ele está preso na fila da cama elástica com o Jae.

— Já começaram?!

— Sim, faz uns dois minutos. — disse Jimin olhando no relógio de pulso.

— Ai merda! Tenho que ir!

Saí correndo sem olhar para trás, mas pude ouvir suas despedidas e desejos de boa sorte. Desci até o primeiro andar e entrei na minha sala um tanto ofegante. Mas ao contrário do que eu pensei, meus colegas ainda estavam conversando casualmente e não havia ninguém de fora na sala.

— O que houve? — perguntou o líder de classe ao se aproximar. — Por que estava correndo?

— Ah eu... Achei que vocês já estavam começando.

Ele soltou um sorriso nasal.

— Não, acabaram de abrir os portões. Provavelmente vai demorar um pouco até encher e o pessoal começar a entrar.

Assenti. Sentei numa das mesas ao fundo e esperei o tempo passar. Depois de quase 20 minutos já havia alguns clientes tomando café, a maioria era parente ou conhecido dos meus colegas. Felizmente, ao contrário do que Minzy sugeriu, eu não tive nenhum problema em servir as mesas. Na verdade foi até engraçado ver ela quase derrubar uma bandeja de louça suja, mas mesmo assim eu não ri, pois se ela tivesse derrubado só daria mais trabalho aos outros.

Um grupo de quatro jovens entrou depois de um bom tempo, eles falavam alto e contavam piadas toscas. Eles se sentaram numa mesa perto da porta. Olhei para os lados, mas ninguém estava disponível para atendê-los. Respirando fundo andei até a mesa.

— Bom dia. — disse entregando o pequeno cardápio feito pela nossa equipe.

— Um excelente dia! — disse um deles, me olhando de cima a baixo.

— Me chamem assim que terminarem de escolher. — forcei um sorriso.

— Eu já escolhi! — disse um deles, que estava ao meu lado. — Você.

E no mesmo instante eu senti uma mão subindo rapidamente pela minha perna, desde a panturrilha até a metade da coxa. Minha surpresa foi tão grande que eu perdi a voz, queria gritar as ela não saiu. Porém, de qualquer maneira não foi necessário, pois a mão do menino foi retirada da minha pela coma mesma rapidez que encostou.

— SE VOCÊ NÃO QUISER PERDER A SUA MÃO EU SUGIRO QUE PEÇA DESCULPAS E VÁ EMBORA!

Me virei para trás e me deparei com Yoongi. Eu achava que já tinha o visto bravo antes, mas nada se comparava aquilo. Ele poderia se parecer com um demônio se não fosse pelo cabelo loiro. Yoongi segurava o braço e a mão do menino, que estava torta num ângulo estranho, enquanto o mesmo se contorcia de dor.

Os outros se levantaram, e se o grito de Yoongi não tivesse chamado a atenção de todos, agora sim, todos estavam olhando para nós.

— _____, por favor se afasta. — disse Yoongi entre dentes. Ele não estava pensando em lutar contra quatro garotos sozinho, estava?

— O que está acontecendo aqui?! — o líder da turma se aproximou.

— Esse pirralho estava assediando a _____. — respondeu Yoongi, com seu olhar fixo nos outros.

— É verdade? — perguntou o líder, para mim.

— Sim.

— Bom então acho que vocês irem embora, antes que eu chame os seguranças da escola, ou pior, a polícia. — ameaçou o líder.

— Beleza, — disse um deles. — A gente nem queria essa merda mesmo.

OS três começaram a se afastar, mas pararam ao ver que Yoongi não soltava o quarto membro do grupo.

— Yoongi, — chamei baixinho. — solta ele.

O loiro respirou fundo, apertou um pouco mais a mão, fazendo o garoto gritar um pouco alto e então o soltou.

— Vai embora daqui seu merda. — resmungou o loiro.

O garoto se afastou junto com os outros e saiu choramingando.

— Tudo bem pessoal! — disse o líder para os clientes e o restante da classe. — O show acabou.

— Desculpe. — disse para ele quando se virou para mim. — Juro que não fiz nada.

— É claro que não fez. — concordou. — Aquele cara é um babaca! Quer um minuto para se recompor? Tomar uma água?

Neguei com a cabeça.

— Não obrigada. Nós acabamos de começar. Eu estou bem.

— Tem certeza? — dessa vez que perguntou foi Yoongi.

Forcei um sorriso para que ele acreditasse.

— Sim, estou.

— Ótimo! Porque agora eu serei o seu cliente. — disse indo até uma mesa mais ou fundo.

— Onde está o Jae? — perguntei, seguindo o loiro.

— Com sua mãe numa barraca de tiro ao alvo, daqui a pouco eles chegam.

Coloquei o cardápio na sua frente, enquanto ele se ajeitava na cadeira.

— Não preciso de cardápio, eu já sei o que eu quero. — disse com um sorriso malicioso no rosto.

— Yoongi! — tentei esconder meu sorriso, mas provavelmente ele notou. — É sério!

O loiro resmungou.

— Está bem. Me vê seis cupcakes, três de morango e três de chocolate, uns seis biscoitos e um capuccino. Você sabe se a sua mãe gosta de morango? — assenti. — Então é isso mesmo.

Saí para buscar o pedido. Quando voltei minha mãe e Jae já haviam chegando, minha mãe pediu um chocolate quente e Jae um suco de laranja natural. Antes de sair para buscar os pedidos Yoongi segurou meu braço e pediu para eu me abaixar, pois queria dizer alguma coisa no meu ouvido.

— Por favor, me diga que você vai poder ficar com esse vestido.

Estranhei.

— Por que está perguntando isso? — sussurrei de volta no seu ouvido.

— Porque eu estou louco pra fuder você com ele.

Me afastei dele na hora, atraindo a atenção da minha mãe. Ela perguntou se eu estava bem, pois tinha ficado pálida de uma hora para outra, tentei pensar rápido numa resposta, mas nada saia, por sorte Yoongi era o mais astuto:

— Eu só falei para ela que ontem ela deixou a chaleira ligada no fogo antes de sair e quase colocou fogo na casa.

— Filha! — repreendeu minha mãe. — Eu já falei pra sempre verificar tudo antes de sair!

— De-desculpa mãe, eu vou prestar mais atenção.

E com isso tratei de sair dali o mais rápido possível, esperando que o assunto tivesse se encerrado. Alguns minutos depois voltei com o suco e o chocolate, Yoongi e minha mãe estavam conversando sobre uma certa notícia que viram no jornal mais cedo.

Voltei a servir as outras mesas, mas podia sentir minha nuca a ponto de pegar fogo, coincidentemente toda vez que olhava para a mesa dos três Yoongi estava me olhando.

Depois de comeram tudo, os três foram embora curtir o resto do festival, enquanto eu apenas corria de um lado para o outro trabalhando e cuidado para fazer tudo certinho.

 

 

***

 

 

— Finalmente! — disse Yoongi.

O loiro estava sentado num banco, com Jae no colo, meio sonolento, ele havia se divertido bastante pelo visto.

— Desculpa, mas a gente tinha que ficar pra arrumar tudo né?

— E o vestido?

— Você estava falando sério?

— Óbvio que estava. — seu sorriso torto surgia novamente.

— Devolvi.

E o sorriso se desmanchou imediatamente. O loiro resmungou alguma coisa e não disse mais nada.

Saímos da escola e pegamos um taxi, quando entramos no carro Yoongi deu o endereço para o motorista, mas não era o endereço da minha casa e muito menos da Big Hit.

— Onde nós vamos?

— Ah é que o Jin disse para eu passar na casa dele, disse que tem umas colocações extras do julgamento que o fórum mandou.

Yoongi não tinha falado sobre isso antes, mas achei melhor ignorar, do jeito que é deve ter esquecido mesmo.

Começamos a conversar sobre o festival, o que animou o Jae, que falou bastante sobre como se divertiu e como Yoongi ficou assustado na casa do terror, apesar do loiro dizer que não eu não duvidava muito da história de Jae. Quando dei por mim o carro havia parado e nós tínhamos chagado ao nosso destino.

A casa do Jin ficava num bairro consideravelmente rico, mas não muito, era bem simples de dois andares, com um pequeno jardim na frente. Tocamos na campainha, primeiro apareceu um cachorro de raça poodle latindo, mas não parecia hostil e depois uma mulher de roupas simples.

— Pois não?

— Eu sou o Yoongi e esses são _____ e Jae, meu filho. Viemos ver o Jin.

— Ah, sim! — disse a mulher, abrindo o portão em seguida. Nós entramos e o cachorro começou a pular nas nossas pernas e Jae parecia bem interessado nele. — O senhor Jin está nos fundos, podem seguir reto por aqui. — disse apontando por uma passagem um tanto estreita a esquerda.

Seguimos pelo caminho indicado, Yoongi me deu espaço para ir na frente, já era noite e o caminho ali era muito escuro, mas mais escuro ainda era ao final dele.

— Por acaso vocês estão sem luz?

— SURPRESA!

De repente as luzes se acenderam do nada e quase me cegaram.

— Eu não acredito nisso. — disse sorrindo.

O quintal do Jin estava completamente decorado com tons dourado e branco. Havia uma faixa enorme onde dizia: “FELIZ ANIVERSÁRIO” bem grande. Estavam todas as pessoas e eu amava e tinha um carinho enorme: Jimin, Jungkook, Taehyung, Namjoon, Hoseok, Jin, sua esposa e seu filho e o mai importante: minha mãe, Yoongi e Jaehyun.

Minha mãe veio me abraçar e me felicitar, mas eu só queria esconder as minhas lágrimas no pescoço dela. Ano passado, nesse mesmo dia eu comemorava meu aniversário somente com Jimin e a minha mãe, hoje eu tenho muito mais do que eu um dia sonhei, nem sei como consegui tanto em tão pouco tempo.

— Ei, para de chora! — disse Jimin quando eu me desvencilhei de minha mãe. — É seu aniversário então sorria! Eu prometo que não vou comer todo o seu bolo.

E mesmo soluçando que nem uma tola Jimin conseguia me fazer sorrir. Abracei um por um, até que cheguei em Yoongi.

— Lembra quando você disse que nós éramos muito óbvios? Então... Era tudo parte do plano.

— Nunca mais acredito em você!

Rindo da minha cara, o loiro se inclinou e selou os nossos lábios, o beijo teria se tornado algo mais intenso se Jungkook não nos interrompesse para cantar parabéns. Eles estavam morrendo de fome e queriam comer o bolo logo.

Cantamos parabéns e cortamos o bolo. Dei o primeiro pedaço para a minha mãe, depois para o Suga e para o Jae. Quando todos estavam servidos minha mãe propôs um brinde e Jimin começou a pedir para que eu fizesse um discurso, e logo todos começaram a pedir.

Senti meu coração acelerar.

— Ah... Bem eu não sou muito boa nisso. — minha garganta parecia seca. — Então vou ser breve. Eu só queria agradecer a todos que me enganaram... — todos começaram a rir. — Brincadeira! Obrigada por toda essa festa, eu realmente não esperava. Ano passado eu comemorei meu aniversário apenas com a minha mãe e com o Jimin e jamais na minha vida eu iria sonhar ou sequer imaginar que hoje eu estaria comemorando esse dia com tantas pessoas. Pessoas queridas e especiais que eu amo muito. Mas em especial eu queria agradecer o Jimin, não só por ser o meu melhor amigo, mas por ter sido o primeiro e por que sem você e a suas ideias malucas eu jamais teria conhecido o Taehyung, o Jungkook e principalmente o Yoongi, e só um anjo como você poderia conseguir essa façanha: me fazer socializar. — Jimin sorri com seu eye smile, e ficava irresistivelmente fofo. — A minha mãe também, é claro, por me amar muito e ser uma mãe muito carinhosa, por ser essa mulher forte que me criou sozinha e sempre me apoiar. Muito obrigada mãe. — ela chorava um pouquinho, mas estava aguentando firme. — E finalmente ao Yoongi, por me apresentar o amor, que quando é verdadeiro resiste à qualquer coisa. Você e eu passamos por muita coisa esse ano e espero estar do seu lado para te apoiar assim como eu espero que você esteja do meu, como você fez e faz. — puder ler seus lábios dizendo “eu estarei”. — Obrigada mais uma vez a todos! Eu amo muito vocês!

Todos me aplaudiram e brindamos. Jimin atacou o bolo e depois ele e Jungkook fizeram uma competição de comida. Eu fiquei conversando com a esposa de Jin, Hana e minha mãe sobre assuntos banais. Hoseok, Yoongi, Taehyung e Namjoon riam alto das piadas bobas de Jin, enquanto Jae e o Kangmin brincavam com o cachorro.

— Ei _____! — ouvi Taehyung me chamando.

Havia varias latinhas de cerveja vazias nos pés e ao lado das cadeiras, então não era difícil sugerir que o álcool estava no sangue de todos.

— O que foi? — disse quando me aproximei.

Tae abriu a boca para falar, mas Yoongi o interrompeu:

— Nada o Taehyung só quer te encher o saco. — as palavras saiam lentas da boca dele. — Desculpa te atrapalhar amor pode voltar para as meninas.

— Não! — disse Tae, um pouco alto, puxando minha mão para que eu chegasse mais perto. — Sabe estávamos fazendo uma enquete, baseada nessa foto que eu tirei de você. — então ele me mostrou no seu celular uma foto minha de corpo inteiro, enquanto trabalhava servindo no café. — E todos nós concordamos, principalmente o Yoongi...

— Taehyung! — o loiro ao lado chamou não só a atenção do Tae, mas também de todos. — Cala a boca! — seu tom era claramente ameaçador.

— Cala a boca você, Yoongi! — disse irritada pelo álcool estar fazendo efeito nele.

— É! Cala a boca você! — repetiu o mais novo, que recebeu um olhar mortal em troca. — Enfim, nós chegamos a conclusão de que você fica muito linda de vestido branco.

 — Ah! — me surpreendi com aquilo. — Obrigada meninos.

Senti minhas bochechas quente e notei Yoongi relaxar na cadeira.

— Eu acho que você não entendeu. — disse Hoseok. — É que...

— Muito bem já chega! — disse Yoongi se levantando e me arrastando para longe deles.

O loiro me levou para dentro da casa e sentamos na sala, que era bem confortável, com móveis simples de cores claras.

— O que foi? Por que está bravo?

— Não estou bravo, só estou cansado.

— Você está cansado? — disse com ironia. — Então eu sou um zumbi.

O loiro riu e se inclinou sobre mim, achei que fosse me beijar, mas ele foi com seu nariz até meu pescoço para sentir meu cheiro.

— Yoongi. — o loiro resmungou, dando um sinal para que eu falasse. — Eu consegui ficar com o vestido. — Yoongi se afastou e sorriu torto, depois deu uma mordida no lábio inferior. — Eu disse que queria apenas lavá-lo, então... — senti sua mão subindo pela minha coxa, parando perigosamente perto da minha intimidade. — Eu vou devolver ele na semana que vem.

O rosto do loiro está muito próximo do meu, seu nariz roçava no meu e nossos olhos estavam fixos nos lábios um do outro.

— Então temos que aproveitar o quanto antes. — disse com a voz rouca.

 

 

***

 

 

 

Dois meses se passaram desde o dia do meu aniversário. Nós nunca mais ouvimos falar de Hyunbae, e preferíamos assim, o único problema é que ela ficou tão brava com o resultado que parou de pagar a escola do Jae. Apenas mais uma amostra do quão ela ama o neto. Tanto eu quanto Jin e minha mãe tentamos convencer o Yoongi a manter o Jae na escola, que nós o ajudaríamos a pagar, mas o loiro insistiu que não.

Atualmente Jaehyun está numa escola mais barata, felizmente Yoongi começou a ganhar mais do que antes, pois começou a fazer batalhas em outros bares e casas de show, juntamente com Namjoon.

Era sábado de tarde, eu estava indo até a BH para encontrar Yoongi e Jae, para irmos ao parque. Quando estava me aproximando do caminhão quando ouvi a voz de Hoseok, ele ria alto, junto com Yoongi.

— É verdade... — disse Hoseok, entre risos. — O sexo é a melhor arte, mas vai ser difícil para vocês se continuarem aqui.

— Já é, na verdade. — respondeu o loiro. — Esses dias quase que o Jaehyun nos pega no flagra. — ouvi os dois rindo de novo e senti minhas bochechas quentes. — Mas estou providenciando isso. — isso era novidade para mim, Yoongi não tinha me falado nada sobre se mudar.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo, até que Hoseok falou novamente:

— Sabe, a _____ não foi a única que mudou. — “Eles estavam falando de mim antes?”, pensei. — Você também mudou muito.

— Não mudei não!

Hoseok riu.

— Mudou sim! Antes você era muito mal-humorado e grosso com a maioria das pessoas! Principalmente com quem você não conhecia. Até comigo você era mal-humorado! Aí chegou a _____ e você ficou beeeeeem mancinho.

— Ei! Me respeita!

— Ai! — gritou o outro. — Não precisa me chutar!

Silêncio novamente.

— Talvez você esteja certo. — disse Yoongi, num tom tão baixo que quase não ouvi. — Eu mudei mesmo... Conheci os amigos dela... A mãe... Eu nunca tinha me aberto tanto para as pessoas. Sei lá... Sempre fui assim, antes e depois da Joohyun, mas agora com a _____ eu me sinto mais leve, sei lá. Não sei explicar.

— Eu sei explicar. — respondeu Hoseok imediatamente. Yoongi esperou que continuasse sua fala, em silêncio. — Você está seguindo em frente... Depois de tanto tempo. Mas o que mais me deixa feliz é que você não mudou por ela, por que ela não precisava que você mudasse, ela te amaria igualmente. Assim como você não precisava que ela mudasse, pois você a amou igualmente. Mas sem nem perceber ela mudou e você tambpem mudou. Você mudou com ela. — ficaram alguns segundos em silêncio. — E honestamente, eu acho que é assim que o amor deve ser.

As palavras de Hoseok atingiram meu coração e me vizeram sorrir. Eu já havia notado a minha transformação a minha mudança, e sim, era tudo graças ao Yoongi. Mas em nenhum momento eu parei para pensar no que eu mudei, no sentido de o que eu transformei? Ou melhor quem eu mudei.

Me afastei alguns passos e caminhei novamente em direção ao caminhão, dessa vez pisando forte no chão para que eles me notassem chegando.

 

 

***

 

 

Yoongi e eu estávamos sentados debaixo de uma árvore, sobre uma toalha velha que trouxe de casa, tomando suco e comendo uns sanduíches que o loiro fez, enquanto Jaehyun brincava na pracinha a poucos metros de distância, com uma menina simpática que também estava sem companhia.

O dia estava ótimo, fazia algumas nuvens no céu e o sol brilhava forte entre elas, havia também uma brisa maravilhosa que bagunçava meus cabelos de vez em quando. As folhas das árvores já estavam alaranjadas e muitas estavam no chão, o outono estava no auge de sua beleza, o que deixava o loiro ao meu lado muito feliz.

Yoongi e eu estávamos conversando sobre coisas banais, como os próximos eventos que o loiro participará, meus trabalhos inacabados e provas marcadas e principalmente: nossos planos para as férias de fim de ano. Yoongi tinha um plano muito simples e eu nem estava surpresa quando ele sugeriu a ideia

— Por que não?! — o loiro realmente estava indignado com a minha negação. Yoongi estava deitado sobre a toalha com a cabeça repousada sobre minha coxa esquerda.

— Porque eu não quero passar quase 3 meses na sua casa dormindo!

— Nós não vamos só dormir! Vamos comer, assistir filmes, brincar com o Jaehyun e ocasionalmente deixar ele com a sua mãe ou o Jin para podermos transar sem eu precisar te amordaçar. — ele falava com um tom tão casual que quase me fez rir, mas ao invés disso dei um leve tapa na sua cabeça. — Ai!

— Não vai rolar! E além disso a minha mãe não vai gostar de eu praticamente morar na sua casa durante tanto tempo.

— Mas seria tão prático!

Não podia negar que seria, mas não sei se estava pronta para tudo isso. Eu tinha acabado de fazer 16 anos! Mas acho que o loiro se esquecia disso às vezes. De qualquer forma eu tinha um plano para as nossas férias também, o problema é fazer o loiro aceitar.

Nós ficamos em silêncio por uns segundos, enquanto o mundo cantava, gritava e conversava ao nosso redor. Meu coração batia forte contra o peito. Respirei fundo e falei:

— Eu queria viajar para Daegu. — soltei de uma vez, esse tipo de coisa deve ser lidado como um curativo: quanto mais rápido feito, menos doloroso.

Senti o corpo de Yoongi se retesar. Ele continuou em silêncio por mais alguns segundos, até que soltou um suspiro e sentou para me encarar.

— Por que?

— Você sabe por quê.

O loiro suspira e olha para baixo.

— Eu ainda não estou pronto, _____.

— Está sim! E de qualquer forma quanto mais demorar pior vai ficar, você não acha?

Yoongi fica em silêncio.

— Não é tão fácil assim encarar os seus pais quando faz cinco anos que brigou com eles e saiu de casa.

— Eu sei! Mas se você não tomar uma iniciativa esses cinco anos vão se transformar em 10 num picar de olhos. — o loiro bufou em resposta. — O tempo passa muito rápido Yoongi, se você quer seguir enfrente tem que deixar a sua magoa pra trás.

O loiro ia retrucar, mas sua fala foi interrompida por um grito estridente de um menino. Rapidamente olhamos envolta a procura de Jaehyun, mas ele estava tranquilo, brincando na caixa de areia com a menina. Jae olhava para o lado, segui seu olhar e encontrei a fonte do grito: um menino que aparentemente havia sido picado por uma abelha.

Tanto eu quanto Yoongi relaxamos, mas algo naquele grito deixou meu coração apreensivo. Já o loiro aproveitou a distração para introduzir um novo assunto: seu sonho de produzir sua primeira mixtape. Tentei dar atenção ao que o loiro dizia, tentei me distrair comendo os sanduíches, mas aquele grito parecia que ainda ecoava na minha mente, eu não conseguia tirar os olhos de Jaehyun.

— _____! — Yoongi estava sentado, me olhando com a expressão confusa.

— Desculpa, o que você disse?

O loiro revirou os olhos, tomei um gole de suco enquanto ele se deitava novamente, mas um grito nos interrompeu pela segunda vez.

— PAPAI!

Só que dessa vez não era uma abelha que tinha picado um menino. Era Jaehyun, que gritava e chorava, enquanto um homem de preto, usando uma mascara cirúrgica, corria para longe com ele nos braços.