Kimochi

Adentramos o terreno já tão conhecido, e eu já ensaiava para me enfiar no quarto que me pertencia naquele lugar, e passar o resto das férias enfiado naquele cubículo reclamando da minha vida pela internet com meus amigos.

As vezes comigo mesmo, já falei que o sinal nesses locais são um lixo?

Pois é, muitas vezes meu plano depressivo falhava, me causando mais miséria ainda.

O carro finalmente parou, respirei fundo e me puis para fora do automóvel.

Quando sai do carro, vi ao longe meu avô se aproximar e um pouco mais ao longe um gostosão de abdômen sarado remexendo o feno.

Meus olhos quase saltaram de meu rosto e juro que mais um pouco, meu coração rasgaria minha caixa torácica.

Daonde meu avô tirou aquele Deus grego?

Discutimos incessantemente durante longos minutos pela cena ridícula que o loiro fez assim que pisamos em casa.
Quando cansou de discutir me virou as costas e saiu, me deixando sozinho e sem respostas.

Estamos na primeira rodada e todos estão animados, menos eu claro.

Emburrei a cara e estou aqui, jogando esse jogo idiota contra minha vontade.

Me joguei no sofá pequeno do estúdio, cruzei as pernas e levei o copo de café aos lábios, sorvendo o líquido com calma quando fitei uma revista jogada sobre a mesinha de frente ao sofá.

Na capa tinha uma das fotos do photoshoot que Uruha fez há algumas semanas atrás.

"Me remexi preguiçoso entre os lençóis, abraçando o travesseiro a meu lado.
Eu não quero levantar.
Não hoje."

Resmunguei quando um feixe de luz entrou pelo vão da porta atingindo meus olhos causando uma dor quase insuportável.

- Kou? Tudo bem? – ouvi aquela voz tão conhecida atingir meus ouvindo, piorando a dor que pairava em minha cabeça.

Eu adorava apostas.
Adorava aquela adrenalina que percorria o corpo com o teste que lhe era imposto.
Tudo ficava mais intenso e interessante.

Se o moreno compartilhava do mesmo desejo que eu, desejo de possuir aquele pedaço de mal caminho, por que não podíamos fazer isso juntos?