taehyundai

⠀⠀⠀⠀Tive um súbito no final de tarde de domingo. Fechei os olhos, e quando abri, por alguns segundos esqueci que meus pensamentos criavam asas neste dia especial (comum) da semana.

⠀⠀⠀⠀A ideia de ser algo vivo me assusta. E estar rodeada de vida e morte também parece apavorante. Bem, eu não sei viver. Não sei sentir.

⠀⠀⠀⠀Porque em momentos como este, em que o mundo parece queimar e me causar fortes dores pelo corpo, quando o calor se torna infernal que eu desejo sair de minha pele, e não por menos porque claramente estamos no inferno, de todas as coisas que eu poderia desejar para acalmar a arritmia do meu coração, ele sempre foi a única opção.

⠀⠀⠀⠀Jay tem um brilho inconfundível nos pequenos olhos. Quando sorri, além de espantar demônios, turbulências no alto mar, a escuridão e o medo que se faz lar em meu peito, seus olhinhos se fecham.

⠀⠀⠀⠀Quando me sinto só, ou melhor, quando eu desejo sua presença, eu costumo ver o fio vermelho. Sei que você está do outro lado.

⠀⠀⠀Todo o fim de tarde nos dias de inverno, eu criava um universo ao seu lado. Mais do que fantasia de criança, porque a todo o instante em minha cabeça todas as nossas fantasias eram reais. Todas nossas promessas de dedinho mindinho e rabiscos que fazíamos na coitada da árvore. Nosso conto de sermos donos do mundo e vivermos inúmeras vidas futuras como magos e cantores de rock. Acreditava que o teria para sempre.

⠀⠀⠀Todos os dias me ocorre o mesmo pensamento: ainda existe uma pintura que eu não vi. E eu desperto do sonho que me vêm todas as noites.

⠀⠀⠀⠀ O que se passa na cabeça dela? A morte e a vida de Severina. Quem sabe pássaros e vidas atrás da janela, que passam como trem em movimento. Mora a saudade em seu peito, o anseio em se sentir vivo pela primeira vez.