babyvwolfhard

Eu não conseguia me lembrar de ter passado alguma virada de ano sem ter meu coração partido. Sentado na janela do escritório do meu pai, eu soube que Millie tinha garantido que eu não chegaria diferente em 2012. E que nenhuma das pessoas que quebraram meu coração nos meus recém completos 18 anos foi tão capaz de me despedaçar quanto ela sempre vai ser.
Millie queria tudo o que eu sabia que poderia passar uma eternidade fugindo; uma vida como as dos nossos pais, uma carreira política, a certeza que eu jamais tive.
Talvez por isso a gente nunca se entendeu ou se tolerou. Talvez por isso eu demorei tanto pra aceitar que estava apaixonado por ela, que estava ali aquele tempo todo.

Ela queria tudo o que eu desprezava. Mas eu queria ela.

Millie Bobby Brown volta para a Flórida com uma bagagem cheia de rancores — e sede de vingança. Quando encontra com Finn Wolfhard, dono de uma essência tão amarga e pecadora como a dela, os dois imediatamente reconhecem a conexão que possuem e que, a partir daí, se torna o furacão que pode destruir tudo ao redor deles. Não que isso os impeça de causar algum estrago.

— Quando te conheci, eu tinha a sensação de que você estava fugindo de alguma coisa.
Finn olha pra mim, atônito por um momento antes de dar de ombros:
— E por que você tinha essa sensação?
Esse é o terceiro cigarro que compartilhamos, nos conhecemos há muito mais tempo do que talvez eu devesse gostar de me lembrar. E Finn ainda parece como um completo desconhecido pra mim às vezes.
Me pergunto se isso é culpa minha. Se ainda vamos continuar seguindo na mesma direção oposta ao mundo inteiro. E como sobrevivemos a isso da última vez?
— Não sei. - viro pra ele, respondendo-o - Você tá? Fugindo de alguma coisa?
Finn dá um meio sorriso. E essa é toda a resposta que tenho.

— Você não me conhece, Millie.
— Claro que conheço. - rebato imediatamente. Ele acha que eu não reparo em como ele sorri disfarçadamente ao me ver cantarolando nossa música preferida? Que ele se fecha completamente quando eu faço uma das minhas perguntas invasivas? Que ele gosta de me ver usando suas camisetas, mesmo reclamando por eu sempre esquecer de levar roupas? Que ele me olha aliviado quando eu chego atrasada, porque ficou com medo de eu não aparecer? Que ele acorda minutos antes e fica me observando, achando que eu estou dormindo? Que ele, mesmo com toda essa armadura cuidadosamente erguida, não é assim tão durão? Que, às vezes, é completamente transparente para mim?
Eu vejo tudo isso. E sei que ele também vê em mim. Eu já não sinto medo como se estivesse caindo de um precipício sem fim, sem ninguém para me segurar lá embaixo, como me senti quando o beijei pela primeira vez. Agora eu sinto certeza. Não posso desistir dele, porque sei que ele já desistiu de si mesmo há muito tempo.
— Não. - ele insiste, e há amargura em sua voz quando ele olha para mim e continua - Não faça isso consigo mesma. Por favor.
Eu olho para ele e respiro fundo. Alerto a mim mesma, sabendo que já é tarde demais para qualquer coisa: Ele é bem o seu tipo de problema.