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Não era mentira que Park Jimin odiava números. Odiava adição, multiplicação, odiava variáveis e equações. Mas ao contrário do que se pensa, assim, logo de cara, Park Jimin não era ruim na matéria. De fato, não gostava de estuda-la, mas sabia muito bem o que fazer e como resolver as questões.

Apesar disso, todo o seu plano desde o início do ano consistia em não ir bem naquela matéria. Matemática? Álgebra? Aquilo pelos próximos meses não faria parte do seu vocabulário. Os X e Y, se dependesse de si, se misturariam por completo. Park Jimin possuía um plano – não tão bem elaborado – de como chegar no crush de jeito. E esse crush nada mais era do que Jeon Jeongguk, o maior nerd de todo o colégio, vencedor de todos os prêmios de matemática e péssimo com relações interpessoais.

Jeongguk é alguém solitário e infeliz que se limita a viver trancado em seu quarto durante todas as estações do ano. Busca em meio aos livros, músicas e metáforas fugir do cotidiano que lhe prendia, se limitando a ver a vida por uma janela em cima de sua cadeira de rodas. Até que num novo vizinho vê a sua possibilidade de mudança por meio de toda a sua curiosidade, com o passar de todas as estações do ano. Comparando-o à mudança do tempo e descobrindo em si a chance de algo novo.

Vindo de uma família dividida entre Sonserinos e Grifinórios, eu não fugi à regra. Logo aos meus onze o Chapéu Seletor mal precisou ser posto na minha cabeça e já gritara “Sonserina!”. Mas cá entre nós, não era muito comum que um sonserino, como eu, fosse tão trouxa por um lufano, como ele, afinal, nossas casas estavam literalmente do lado oposto do espectro. Teoricamente ele era o bonzinho e eu era o cara mal.

Aquilo parecia brincadeira, aliás, só poderia ser brincadeira. Quando, no mundo bruxo, um sonserino teria a vassoura tão arriada por um lufano? Mas lá estava eu, completamente caidinho por um texugo. Eu não tinha um carro para ter minhas quatro rodas arriadas por ele, mas eu muito bem tinha uma boa Firebolt.

Há muito tempo, terras distantes enfrentavam a grande praga da época: Bruxas. Donas de cabelos alaranjados, levando a cor do tinhoso consigo, acatavam as ordens de seu criador. Eram agentes do caos.

Caçado desde jovem por culpa da cabeleira alaranjada, Jimin se submeteu a morar em uma cabana de pedras dentro das temidas Terras do Trigo, o lugar maldito, longe do limite imaginário imposto pelo rei de Yrasan, Jeon. Aprendera e cuidara da própria sobrevivência, treinando com seu arco e flechas a busca por suas presas. Não era um bruxo, mas fugiria por toda a vida para não perdê-la nas fogueiras.

Até que em uma noite tempestuosa encontrasse outro alguém longe dos limites do reino, um jovem sobre seu alazão, fugindo de uma matilha de lobos. Um jovem que fugia de suas responsabilidades como o próximo rei, mas encontrara somente uma flecha de pena avermelhada em um de seus ombros.

Quando Jimin e Jeongguk — aparentemente completos opostos no auge dos anos 80 — se encontram em meio ao show do The Smiths tudo se torna muito mais intenso até descobrirem ter muito mais em comum do que esperavam.

Garotos gostam de garotos como garotas gostam, não é? Nada novo.
Mas para Jeongguk aquilo era um baita problema. Se sentir atraído e apaixonado pelo seu melhor amigo de infância não era nada fácil, muito menos quando existiam outras pessoas no meio.

— O significado de preconceito é julgar antes de conhecer — Jimin já estava com o livro aberto na primeira página, provavelmente checando a editora, o tradutor… — Como julgar um livro pela capa, você costuma fazer bastante isso, talvez por hobbie, talvez por que o cheiro de livros está mexendo com a sua cabeça um pouco demais — Pendeu a cabeça para um dos lados com seu típico sorriso charmoso e interessante, os olhos quase fechadinhos olhando para mim — Você colocou a capa de um romance americano de 2010 em mim quando o interior é… Oscar Wilde.